"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

sábado, 29 de janeiro de 2011

O PECADO

 

Na sua essência profunda, todo pecado é uma recusa da comunicação do EU interior com o exterior. Uma comunicação com as energias do bem, portanto, é a verdadeira consciência que pode dizer o que é ou não o pecado. Somente a consciência de cada um poderá entender o pecado. Porém qualquer tentativa de julgamento ao próximo pode ser precipitada, uma vez que o pecado é extremamente individualizado.

Fixemo-nos agora um instante sobre os laços entre o pecado e a pornografia. A pornografia é uma seqüela do pecado e se torna por sua vez uma ocasião de pecado.
Não é preciso entender de pornografia, em primeiro lugar, a inclinação para as coisas más, mas a inclinação para as coisas boas, dirigida de maneira errada. Negando seu verdadeiro dom, o ser humano procura inevitavelmente um infinito fora de Deus. Por sua essência espiritual e por sua vocação, o ser humano está orientado para um acabamento infinito. Se não aceita o infinito que lhe é prometido em dimensões, há de procurar uma medida infinita nas coisas finitas. Sua inclinação se torna desordenada e desequilibrada. Nós pedimos a todo mundo somente o que a magia do Criador pode dar. Procuramos desesperadamente numa coisa e não satisfeito, queremos, dilatar os limites delas.

É falso, portanto, ver a pornografia principalmente, ou exclusivamente, no desacordo entre os desejos dos sentidos e a vontade do espírito. E talvez nesse desacordo que ela se manifesta mais claramente. Porém, a sua raiz se encontra na vontade, orientada por sua natureza e por sua vocação para as dimensões infinitas, mas inclinada a procurar este infinito nas coisas finitas.

A verdadeira sensualidade se manifesta, por exemplo, na vaidade, na ambição, na pretensão exagerada, no orgulho. Porém, sempre vai valer a pena para o ser humano renovar-se para um novo amor, uma nova vida, uma mudança de rumo.

Pois não sei o que faço, porquanto não faço aquilo que quero, mas sim, aquilo que aborreço. O conflito dentro da vontade, que não submete inteiramente suas tendências ao único amor sem partilha, alimenta e fortifica o conflito entre as tendências superiores e as inferiores, entre o amor lindo, suave e verdadeiro e a paixão forte desenfreada arrasadora, egoísta e sofredora.

Todo bem pode ser orientado para as boas atitudes, o princípio que ilumina toda nossa existência. Toda tendência pode se submeter a essa orientação para a pedra angular do amor. Mas, onde o amor de Deus não existe, toda tendência se prolonga indefinidamente na direção de seus interesses próprios: de modo que o dinamismo de suas tendências rompe e desarticula o ser humano; ele se torna o ser dividido entre o que se diz pecado e tendência.

O ser humano tende, com toda sua força, a caminhar em direção à realização de si mesmo como pessoa independente, para a realização da humanidade como comunidade e para a edificação de um mundo que seja seu. À medida que ele consegue isso, o mundo se torna o reflexo de sua humanidade e a isto ele se submete. De maneira que o ser humano dividido constrói um mundo dividido e uma comunidade dividida, o mundo “pecador” que conta toda nossa história. Pois o caracteriza “Tudo o que há no mundo, a sensualidade da carne, a sensualidade dos olhos e o orgulho da vida”. “Quem ama o mundo vendo o lado ruim do chamado pecado, não pode amar a Deus”.

Muitas vezes somos obrigados a estar sempre inclinados a trocar todos os erros dos nossos aprimoramentos por pecados. Mas isso provoca sempre o perigo de uma deformação real. O pecado, em particular a mensagem do pecado, está sempre subordinado à mensagem da salvação. Ainda por decreto sobre o pecado servia de introdução ao decreto da justificação e neste já se falava explicitamente da salvação.

Mas na consciência da fé, esse decreto dá a impressão de esmagadora massa de luz a pesar sobre a humanidade. Sentir-se culpado já é indício de um sentimento de arrependimento e aí pode não ser mais pecado e, sim, um aprimoramento, uma lição.

Por outro lado, o dogma do pecado não se pode separar do conjunto que constitui o princípio do pecado. A circunstância orienta a reflexão a respeito do pecado. O tronco do ensinamento foi mais ou menos forçado. Este tronco é feito da experiência, confirmada pela energia do amor e pela fé, que todos os seres humanos são pecadores e que eles sofrem por seus pecados.

Para compreendermos bem o pecado, não podemos perder de vista o que nos ensina a experiência de que a fé nos dá uma imagem mais precisa e específica... A experiência do pecado é realmente uma lição da vida, uma experiência que pode transformar o mal em aprendizado.

Qualquer julgamento do que é pecado ou não, pode ser prematuro. Podemos saber o que é ruim e bom, o que é gostoso ou ruim, mas daí para o pecado, não cabe o julgamento entre um e outro, porém, cada um pode consultar sua consciência, o seu EU, e somente para si mesmo dizer o que é o pecado e mudar o rumo da sua história.

BNN

Nenhum comentário:

Postar um comentário