"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"Nossos espíritos estão morrendo enclausurados"


A sociedade humana está, atualmente, endurecida. Também o governo e tantas outras coisas essenciais. A realidade nos cega e temos nos mostrado refratários às mudanças necessárias para manter nossa dignidade e vocação existencial. Avidez, ostentação e desperdício eclipsam os sonhos. Os ideais caem diante das posturas predadoras. Sobriedade, respeito mútuo, cooperação e tolerância decrescem. O que se avizinha? Crises e desastres?
Como explica o eminente cientista britânico James Lovelock: não é a Terra que está ameaçada, mas a civilização. Vou além e digo que a ameaça coloca contra a parede, também, nesse momento delicado que atravessamos, nossa inteligência espiritual, as chances de evolução que generosamente recebemos e que não temos sabido aproveitar, desperdiçando tristemente.
Estamos no topo da cadeia alimentar, somos, com gigantescas vantagens, os operadores das mais avançadas tecnologias do planeta, mesmo assim instituições sérias de análise encontram mais de 350 tipos de poluentes no leite materno. Estamos intoxicando nossas mães e bebês, envenenando o mais etéreo e sublime dos alimentos. Capazes das maiores proezas científicas, mágicas tecnológicas, por que não mantemos limpo o alimento que, afinal, trouxe-nos até aqui? É de se pedir socorro? O que gritariam os bebês... se pudessem?
Consumo desenfreado, esgotamento, desmatamento, emissão de gases, avanço do asfalto sobre os campos, desaparecimento de espécies, comprometimento da água, desequilíbrios e excessos. Quando teremos a grandeza espiritual de perceber que devemos nos mexer, mudar o curso, acertar prioridades. O espírito não precisa de lucros, precisa de vida. Pois é sobre ela que ele desabrocha, encontra e realiza seus significados.
Prisioneiros, nossos espíritos estão morrendo enclausurados. De carro para o trabalho com ar-condicionado, compras em shoppings e supermercados sem janelas, em casa - trancados -, computador e televisão, filhos nos games. Naufragamos no contato com a sociedade, Robinsons Crusoés sem sexta-feira, sem qualquer fiapo de contato humano para refletir nosso rosto de volta.
O pior, contudo, na minha opinião, está no que vou apontar agora, como reflexão final, clamando para que mentalizem pelas mudanças que nos recolocariam nos trilhos do fortalecimento espiritual, no caminho de comunhão com o Sagrado dentro de nós. O pior é o tédio da miséria. Explico. A miséria, gente extraviada, comendo lixo, difundiu-se a tal ponto que, sim, virou uma enfadonha banalidade. Exaustos de contemplá-la, nas cidades, as pessoas já não conseguem mais encará-la, não prestam mais atenção.
Estarrecida, me calo. Meus leitores, vocês, sei, estão procurando crescimento esotérico, né? Passo primeiro e mais decisivo, simples assim: saibam que acolher cada um e todos como irmãos é, de Buda a Cristo, de São Francisco a Chico Xavier, nosso compromisso.

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