"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

OITAVO TRABALHO - Erguendo a Hidra de Lerna - CRESCIMENTO EM ESCORPIÃO

A oitava tarefa tem como cenário o fétido pântano de Lerna, onde habita uma monstruosa hidra, que todos temos de enfrentar um dia. A hidra possui nove cabeças: três simbolizam os apetites instintivos relacionados com o sexo, o conforto e o dinheiro; outras três, as paixões emocionais do medo, do ódio e do desejo de poder; e as últimas, os vícios da mente ainda não iluminada pela alma: o orgulho, a separatividade e a crueldade, Uma dessas cabeças é imortal e encerra um segredo que todos devemos, a certa altura, conhecer. Os métodos comuns de luta são inúteis diante desse monstro, chamado de deplorável, no mito de Hércules. Quando uma cabeça é destruída, surgem outras duas no lugar — situação desencorajadora para qualquer guerreiro que a enfrente. Hércules espera o momento de partir para a nova tarefa, quando escuta de seu Instrutor interno dizeres sábios: "Quem se ajoelha eleva-se. A conquista é obtida por meio da total rendição de si. É renunciando que se ganha" — todos eles chaves imprescindíveis para enfrentar o pântano que, como uma mancha escura na paisagem, polui com seu odor a atmosfera de uma grande área. O mau cheiro é tal que o herói precisa fazer uma pausa para respirar, antes de penetrar naquela atmosfera fétida. As areias movediças de que se constitui o pântano são uma ameaça. É preciso muitas vezes recuar os passos, para não ser tragado por elas. Aqui, essas areias simbolizam a mente do homem, e o pântano fétido, o seu subconsciente. Dentro está a hidra, que mora em uma caverna sempre escura, da qual pouco sai. Quando o faz, é sempre destrutiva e maléfica. O guerreiro mergulha, então, muitas flechas numa espécie de combustível rústico e lança-as sobre ela, que aparece por um momento. Tem-se aí uma chuva de fogo sem resultado outro que excitar mais o monstro de nove cabeças. Ora, a hidra, cuja origem se perdeu na noite dos tempos, é o concentrado de todo o mal, erros e falhas vividos durante o longo passado do homem desde a sua criação. Quando sua cauda escamosa bate furiosamente sobre as águas do pântano, produz em torno uma chuva de lama. É o que experimenta Hércules: a cada um desses movimentos, fica todo salpicado daquele material malcheiroso. Com vários metros de altura, ali está ela, resultado dos mais imundos pensamentos forjados pela humanidade, desde os seus primórdios. Muito tempo se passa antes que o homem descubra que sempre a alimentou, inconscientemente. Quando isso se dá, cabe-lhe enfrentá-la. Agora, a hidra avança e procura enroscar-se nos pés de Hércules, a fim de impedi-lo de caminhar. Num desses ataques, tem cortada uma das cabeças, mas em seu lugar surgem mais duas, terrivelmente agressivas. À medida que Hércules enfrenta o monstro, este vai-se tornando cada vez mais forte, demonstrando que não se deixa abalar por nenhuma espécie de golpe. É então que o herói se lembra da voz do Instrutor: "Quem se ajoelha eleva-se. Conquista-se por meio da total rendição de si. É renunciando que se ganha". A primeira frase lhe parece ser o toque inicial. Joga fora então suas armas — que de nada valem nesse tipo de batalha — ajoelha-se e, agarrando o monstro com as suas mãos fortes e nuas, ergue-o do chão. Suspensa no ar e distante do seu apoio terrestre, a hidra perde um pouco de sua força, Hércules insiste naquele estratagema e continua segurando-a acima de si mesmo. A luz do dia e o ar puro provocam um efeito inesperado: a força da hidra, tão grande na escuridão e na lama escorregadia, esvai-se gradativamente. Para isso não é necessário ao guerreiro esforço algum; basta-lhe permanecer ajoelhado, permitindo que os raios do sol e o vento ajam sobre o monstro erguido no ar. Mesmo assim, arrepiada e ainda mais horrível, a hidra tenta lutar. Hércules, no entanto, mantém-se firme em sua posição. As nove cabeças começam a pender, as bocas engasgadas com o ar não contaminado, os olhos embaçados pela pura luz do Sol. Depois de certo tempo, ei-las sem vida; somente a última cabeça, que é imortal, permanece bem visível como se enfrentasse o guerreiro. Com seu olhar penetrante, ela parece dizer-lhe que, por mais terrível que seja um acontecimento, ele sempre encerra uma jóia de grande valor. É inútil, porém, tentar descobrir o seu significado antes de morta a hidra. Hércules decepa-lhe, então, a cabeça imortal, colocando-a em seguida sob uma grande pedra, onde ela fica, inerte e reluzente.



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A pedra, sob a qual o herói deposita aquela cabeça, representa a vontade persistente de vencer a hidra. Sob a pedra, o pedaço de monstro torna-se uma fonte de poder a ser usado de maneira completamente nova. O Instrutor, recebendo Hércules após a tarefa, considera-o vitorioso, uma vez que ele acaba de desenvolver em si as qualidades da humildade, da coragem e do discernimento. Ter humildade é ser capaz de colocar-se na posição correta diante de uma situação de vida; ter coragem é decidir não se desviar do que está acontecendo no momento, isto é, não se dispersar em conjecturas ou imaginações; possuir discernimento é poder ver o que é para ser feito no presente, sem fantasias sobre o futuro ou evocações sobre o passado. Ressalte-se, no entanto, que a luz dessas três qualidades só pode brilhar quando o homem está concentrado no aqui-e-agora. O mito nos ensina também que não deve haver ansiedade por matar a hidra, pois é a aspiração, e não a luta, a principal arma a ser usada. É a decisão de permanecer com firmeza na posição correta que traz a vitória sobre a mente portadora da semente do verdadeiro poder do homem, que é o de conquistar-se a si mesmo. E é o ar puro, que vem do infinito, somado à decisão clara do homem, que determina a sorte da hidra. Esse ar é necessário para que o bem existente em todas as coisas e em todos os seres finalmente se manifeste. Nada existe (nem mesmo a hidra) que não contenha a essência benéfica da vida cósmica imortal. Portanto, até um monstro de nove cabeças, que vive no fétido pântano do subconsciente do homem, contém a jóia da vida eterna. O indivíduo, quando é lúcido, pode perceber todas as suas reações diante da hidra. Através da aspiração, mantém-se firme na entrega total de si às energias superiores, enquanto a suspende no ar. Renunciando à própria vida, com coragem, ganha vida mais ampla.



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Expor a hidra à luz do dia e ao vento fresco corresponde ao que os antigos instrutores ensinaram: "Ao entrar em um quarto escuro, não se debata com as trevas". Realmente, de nada valeria mover os braços ou dar pontapés, pois tais movimentos não dissolveriam a escuridão. Para tanto, basta apenas acender uma lâmpada, que a luz surgirá. É assim, renunciando a combater diretamente a obscuridade, que se lida com o subconsciente.

Extraído do livro HORA DE CRESCER INTERIOMENTE. Trigueirinho.



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REFLEXÕES DE ALICE BAILEY

Profundamente alojada nas regiões subterrâneas do subconsciente, ora calma, ora explodindo em tumultuado frenesi, a fera estabelece morada permanente. Não é fácil descobrir sua existência. Muito tempo se passa antes que o indivíduo se dê conta de que ele está nutrindo e sustentando uma criatura tão feroz. Os dardos ardentes da aspiração flamejante devem ser disparados antes que sua presença se revele. Hércules faz três coisas: ele reconhece a existência da hidra, procura pacientemente por ela, e finalmente a destrói. É necessário ter discernimento para reconhecer sua existência; coragem e paciência para descobrir sua toca; humildade para trazer lodosos fragmentos do subconsciente à superfície, e expô-los à luz da sabedoria.



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A cabeça imortal, separada do corpo da hidra, é sepultada sob uma rocha. Isto implica que a energia concentrada que cria um problema ainda permanece, purificada, redirecionada, e aumentada após a vitória ter sido conquistada. Tal poder deve então ser corretamente canalizado e controlado. Sob a rocha da vontade persistente, a cabeça imortal se torna uma fonte de poder.

As Nove Cabeças da Hidra

A tarefa atribuída a Hércules tinha nove facetas. Cada cabeça da hidra representa um dos problemas que assaltam a pessoa corajosa que busca conquistar o domínio de si mesma. Três dessas cabeças simbolizam os apetites associados com o sexo, conforto e dinheiro. A trinca seguinte diz respeito às paixões do medo, ódio e desejo de poder. As últimas três cabeças representam os vícios da mente não iluminada: orgulho, separatividade e crueldade.



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O Combate à Hidra

Uma consideração dos nove problemas com que se defronta a pessoa nos dias atuais ao procurar matar a Hidra poderia lançar luz nas estranhas forças em atuação nesse barril de explosivos, a mente humana. 1. Sexo(...) A transmutação das energias humanas abre um campo de especulação e experimentação. Na ciência física, a energia do movimento pode ser transformada em eletricidade, e a do calor em movimento. Até que ponto, então, podem ser redirecionadas as energias humanas? Antes de tudo, a energia da matéria, representada pelo alimento, é obviamente usada para produzir a energia do movimento. Poderá a impulsionadora energia das emoções ser, por analogia, recanalizada para a atividade do pensamento? Poderá a energia das agitadas paixões encontrar expressão como uma aspiração? Poderão os impulsos e compulsões da natureza humana ser de tal maneira transmutados que se possam transformar em forças benéficas? Poderá a energia que produz o pensamento ser utilizada como o poder de síntese que resulte em um senso de identificação com todas as coisas vivas? (As considerações sobre os outros oito problemas se encontram nas páginas 149, 150, 151, 152 do livro Os Trabalhos de Hércules)



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Hércules tinha de ver a hidra como um monstro, não como uma fera com nove diferentes cabeças. Enquanto ele procurou decepá-las uma a uma, ele continuou a lutar sem êxito. Quando, finalmente, ele lidou com o monstro como uma unidade, conquistou a vitória.



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Individualmente estamos tão profundamente ocupados com a nossa própria evolução que nos esquecemos de uma visão mais abrangente. Se pretendermos escalar até o topo da montanha em Capricórnio, precisamos perder de vista a personalidade e começar a atuar como almas.



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Ao estudarmos Hércules, nós nos vemos. Lembrem-se de que há três coisas que o estudante tem de fazer em Escorpião. Ele tem de demonstrar, não para a Hierarquia, não para o observador, mas para si próprio, que ele tem de superar a grande ilusão; que a matéria, a forma, não mais pode detê-lo. Hércules tinha de demonstrar para ele que a forma era simplesmente um canal de expressão pelo qual ele contataria um grande campo de manifestação divina. Lendo alguns livros sobre a religião poder-se-ia chegar à conclusão de que a forma, a emoção e a mente são coisas más, indesejáveis, das quais nos deveríamos livrar. É fundamental reter o pensamento que se eu me livrar da forma física, fico sem meios de contato com a expressão divina, porque Deus está em meu próximo, no mundo físico, tangível, no qual eu vivo, e se eu não tiver forma, nenhum dos meus cinco sentidos, eu me isolo de Deus em uma forma. A personalidade não é para ser morta, nem pisoteada; ela deve ser conhecida como um triplo canal de expressão para três aspectos divinos. Tudo depende de se nós usamos a tríplice personalidade para fins egoístas ou divinos. A grande ilusão é a utilização da personalidade para fins egoístas. Em Escorpião, o Ego está determinado a matar o pequenino ego para ensinar-lhe o significado da ressurreição.

Escorpião, o Signo da Magia

Magia não significa fazer coisas curiosas; a verdadeira magia é a expressão da alma através da forma: A magia negra é o uso da forma para alcançarmos o que quisermos para a forma. A magia negra é o egoísmo sem adulteração, A magia branca é o uso da alma para fins de elevação da humanidade, utilizando a personalidade. Por que Escorpião é o signo da magia? Um antigo livro diz: "Virgem é a feiticeira, ela prepara os ingredientes que são pesados nos pratos da Balança, e em Escorpião o trabalho mágico é desenvolvido". Em termos dos aspirantes isso significa que em Virgem eu terei descoberto o Cristo em mim mesmo, que no passar do tempo minha natureza forma alimentou um Cristo; na Balança eu flutuo entre os pares de opostos, a forma e a natureza crística, até que conquisto o equilíbrio, e o Cristo e a matéria se acham num estado de equilíbrio; em Escorpião eu sou testado para ver quem vai triunfar, a forma ou o Cristo, o Eu Superior ou o eu inferior, o real ou o irreal, a verdade ou a ilusão. Isto é o que está embutido na história de Escorpião.



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Sugestão para aplicação prática desse estudo:

A- Trabalho com a transmutação, utilizando a humildade , a coragem e o discernimento:

a humildade para reconhecer a sua real condição;
a coragem e a ousadia para não temer resultados;
o discernimento para decidir sabiamente o caminho a seguir.

Este é um caminho de serviço. Serviço possibilitado pelo desenvolvimento obtido nos Trabalhos anteriores. Tal prática fica interessante se o serviço for realizado com o material amadurecido no Sexto e Sétimo Trabalhos: os defeitos transformados e o caminho do meio descoberto. Onde você for chamado a servir, procurar usar a característica positiva desenvolvida no Sexto Trabalho.

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