"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A lei dos Milagres - Um dos capítulos fascinantes da Autobiografia de um iogue

A lei dos Milagres


Um dos capítulos fascinantes da Autobiografia de um iogue, trata da Lei dos Milagres, onde Yogananda, de maneira simples e clara, explica as leis sutis que operam no universo e nos estados de consciência do homem, à luz da ciência, da biblia e das milenares escrituras hindus. Reproduzimos abaixo pequenos trechos intercalados das mais de dez páginas sobre o tema, onde ele inicia relatando um conto "milagroso" de Leon Tolstoi e passa a explicar como seus mestres e outros homens santos realizam milagres:



As Escrituras védicas declaram que o mundo físico está sujeito a uma lei fundamental, a de maya, ou princípio da relatividade e da dualidade. Deus, a Única Vida, é Unidade Absoluta; a fim de revelar-Se nas manifestações diversas e separadas de uma criação, Ele usa um véu irreal ou falso. Este véu dualístico e ilusório é maya. Grandes descobertas científicas dos tempos modernos confirmaram este simples pronunciamento dos ríshis da antigüidade.

A Lei do Movimento, de Newton, é uma lei de máya: “Para cada ação existe sempre uma reação igual e contrária; as ações recíprocas de dois corpos quaisquer, sendo iguais, têm sempre direção oposta”. Ação e reação são, pois, exatamente iguais. “Existir uma força ímpar é impossível. Deve haver, e sempre há, um par de forças iguais e contrárias”.

Todas as atividades naturais básicas denunciam a sua origem: maya.

A eletricidade, por exemplo, é um fenômeno de atração e de repulsão; seus elétrons e prótons são contrários elétricos, outro exemplo: o átomo ou partícula derradeira da matéria é, como o nosso próprio planeta, um imã com pólos positivos e negativos. Todo o mundo dos fenômenos está sob o inexorável domínio da polaridade; nenhuma lei de física, química ou outra ciência pode jamais subtrair-se aos opostos inerentes ou princípios contrastantes.

A ciência física, portanto, não pode formular leis fora de máya: a verdadeira textura e estrutura da criação. A própria natureza é máya; as ciências naturais devem forçosamente haver-se com a inelutável essência da natureza, já que esta, em sua esfera de ação, é eterna e inexaurível; os cientistas do futuro nada mais poderão fazer senão demonstrar um aspecto após outro de sua variada infinidade. Sendo assim, a ciência continua em perpétuo fluxo, incapaz de atingir a Causa Primeira e última; apta, é verdade, para descobrir as leis de um cosmo já existente e funcional, mas impotente para achar o Autor da Lei e o Único Operador. São bem conhecidas as grandiosas manifestações da gravitação e da eletricidade, mas o que são a gravitação e a eletricidade, nenhum mortal o sabe.



Transcender maya foi a tarefa atribuída à raça humana pelos profetas milenários. Elevar-se sobre a dualidade da criação e perceber a unidade do Criador, eis o fim supremo do homem. Os que se apegam à ilusão cósmica devem aceitar sua lei essencial de polaridade: fluxo e refluxo, ascensão e queda, noite e dia, prazer e dor, bem e mal, nascimento e morte. Este padrão cíclico assume certa monotonia angustiosa, depois que o homem passou por alguns milhares de nascimentos; ele começa, então, a lançar um olhar de esperança para além das compulsões de máya.

Remover o véu de máya é pôr à mostra o segredo da criação. Quem assim desnuda o universo é o único monoteísta autêntico. Todos os demais estão adorando imagens pagãs. Enquanto o homem permanece sujeito às ilusões dualísticas da Natureza, sua deusa é Maya, a de dúplice rosto, como o bífronte Jano; ele não pode conhecer o Deus único e verdadeiro.

Em meio aos trilhões de mistérios do cosmo, o mais fenomenal é a luz. Ao contrário das ondas sonoras, cuja transmissão exige atmosfera gasosa ou algum outro meio material, as ondas de luz transpõem livremente o vácuo do espaço ínterestelar.(.....) Se levarmos em conta a teoria de Einstein, as propriedades geométricas do espaço tornam desnecessárias a teoria do éter. Em qualquer destas hipóteses, a luz, de todas as manifestações da natureza, permanece como a mais sutil, a mais livre de dependência material.

Em sua Teoria do Campo Unificado, desenvolvimento posterior da Teoria da Relatividade, o grande físico reuniu numa só fórmula as leisda gravitação e do eletromagnetismo. Reduzindo a estrutura cósmica às variações de uma única lei, Einstein regressou, através de milênios, aos ríshis que proclamaram a única textura da criação: a maya protéica.

No mundo da física, observamos um jogo de aparências, que é o próprio drama da vida cotidiana. Meu cotovelo, uma sombra (aparência, irrealidade, alusão à essência), apóia-se sobre a mesa, outra sombra; a tinta, sombra, desliza sobre o papel, sombra. Tudo é simbólico, e o físico não vai além do símbolo. Então vem (o filósofo) a Mente, o alquimista que transmuta os símbolos. Para concluir em termos crus, a substância do mundo é substância "mental".

Da ciência, pois, se este há de ser o caminho, aprenda o homem a verdade filosófica de que não existe universo material; sua textura e urdidura é maya, ilusão. Submetidas à análise, dissolvem-se todas as miragens da realidade. À medida que se derrubam, uma a uma, as escoras tranqüilizantes do mundo físico, o homem percebe obscuramente sua confiança idólatra, sua transgressão do Mandamento Divino: “Não terás outros deuses diante de Mim”.



Em sua famosa equação resumindo a equivalência de massa e energia, Einstein provou que a energia em qualquer partícula de matéria é igual à massa ou peso multiplicado pelo quadrado da velocidade da lua. Obtém-se a liberação das energias atômicas pelo aniquilamento das partículas materiais. A “morte” da matéria deu nascimento à Era Atômica.

A velocidade da luz é uma constante ou um padrão matemático, não porque haja um valor absoluto nos 300.000 quilômetros por segundo, mas porque nenhum corpo material, cuja massa aumente com sua velocidade, pode jamais alcançar a velocidade da luz. Em outras palavras: só um corpo material, cuja massa fosse infinita, poderia igualar a velocidade da luz.

Esta concepção nos leva à lei dos milagres.

A consciência de um iogue perfeito identifica-se sem esforço, não com um corpo limitado, mas com a estrutura universal. A gravitação, seja a “força” de Newton ou a “manifestação da inércia” de Einstein, é impotente para obrigar um mestre a exibir a propriedade do peso: condição gravitacional inerente a todos os objetos materiais. Quem tem consciência de ser Espírito Onipresente não mais está sujeito à solidez do corpo no espaço e no tempo. Seus “cordões de segurança”, rompidos, cederam ao dissolvente “Eu sou Ele”.

Os poderes, assim chamados milagrosos, de um grande mestre são o acompanhamento natural de sua exata compreensão das leis sutis que operam no cosmo interior da consciência.

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