Alguns estudantes inquietos têm se motivado a iniciar um trabalho mais sério e profundo sobre si mesmos. Por isso trataremos de algumas práticas que, se realizadas com afinco e dedicação, trarão, inquestionavelmente, benefícios e avanços importantes na longa caminhada que pode nos levar às portas da sagrada iniciação.
As práticas a seguir são apenas sugestões baseadas em nossa própria experiência pessoal, daí cada qual pode ou não realizá-las, ou mesmo adaptá-las à sua necessidade pessoal.
Temos enfatizando a importância da meditação para se construir as bases de uma vida plena de beleza e repleta de paz.
A meditação freqüente e prolongada nos põe frente a frente com nossas mazelas, mas também nos aproxima de nossa natureza Divina. Portanto, voltamos a repetir, não há avanços sérios para aqueles que não trabalham com a meditação.
Antes de tudo, é importante salientar que meditar é algo simples. Nós é que complicamos tudo. Qualquer pessoa pode meditar, desde que seja disciplinada e paciente. O tempo, aliado à prática, transformará uma meditação incipiente em algo profundamente valoroso e benéfico.
Há diversas técnicas de meditação, porém vamos nos deter em apenas 3 delas nesta cátedra. Elas podem ser feitas juntas, numa só prática prolongada ou dividida em práticas distintas.
Quanto mais tempo nos dedicarmos à meditação, mais rápido avançaremos e, conseqüentemente, mais rápido colheremos os frutos de nossa prática.
Para alguns, uma (01) hora de prática pode dar a impressão de uma eternidade. Porém, em nome da verdade, é necessário dizer que 1 hora por dia, ainda que produza frutos, é bastante incipiente.
Duas (02) horas por dia é um bom começo. Três (03) horas, melhor ainda. Etc. Etc. Etc.
Também é preciso salientar a importância da postura.
A melhor postura é a de lótus. Coluna reta, ombros levemente voltados para trás, queixo levemente inclinado para baixo e olhos abertos ou semi abertos voltados para o solo a sua frente.
Podemos nos sentar sobre uma almofada de forma que nosso corpo fique parcialmente inclinado para frente, evitando forçar a musculatura lombar.
Essa postura abre todos os canais energéticos e facilita bastante o equilíbrio e domínio da mente. Os olhos abertos dificultam o devaneio e nos mantém em contato com a realidade, não permitindo as fugas e nos mantendo em contato com o mundo no qual devemos despertar e alcançar a iluminação.
Se não for impossível manter esta postura, podemos usar uma cadeira, desde que a coluna permaneça reta.
PRÁTICAS:
1) Despertando a Compaixão:
Visualize uma paisagem bela e repleta de paz. Pode ser o alto de uma montanha, uma cachoeira, um vale verdejante, etc.
Você está inserido dentro dela. Ao seu redor, do mais próximo ao mais distante, em círculos concêntricos que se expandem infinitamente, encontram-se um universo de pessoas e criaturas. As mais próximas são aquelas que você mais ama. Afastando-se em círculos, encontram-se as pessoas de seu convívio profissional e social. Mais distante ainda, estão aquelas pessoas que você cruza nas ruas e conhece de vista, estão os animais, as plantas, árvores, florestas, rios, mares, etc.
Afastando até o infinito, estão todos os demais seres animados e inanimados, planetas, galáxias, sóis, nebulosas, etc.
Visualize agora que à sua frente encontra-se a representação da divindade que mais lhe toca e desperta o doce perfume do amor. Pode ser a imagem do Cristo, do Buda, da Mãe Divina, de Tara, da Virgem Maria, do Pai Amado, etc.
Visualize-o bem, em detalhes, sorrindo, emanando paz, compaixão e sabedoria. Dele (ou Dela) parte uma luz infinitamente bela que penetra em seu coração. Você se sente banhado e inundado de paz, compaixão e sabedoria. Esta luz penetra em você e passa a ser irradiada através de seus olhos, mãos, toque, verbo e corpo para todos os seres que estão ao seu redor.
Comece pelas pessoas que mais ama. Inunde-as com todo amor que for capaz. Deixe-se conduzir pelo amor infinito que flui através de você. Expanda isso para todas as pessoas e seres que se encontram perto, a média distância e longe de você. Leve esse amor ao infinito.
Procure sempre ver e sentir o que as pessoas sentem. Ponha-se no lugar de cada uma delas e faça consciência da dor e do sofrimento de todos os seres.
Sinta a dor de um pai que perdeu seu filho. De um homem que está no hospital em fase terminal aguardando a morte. De uma mãe que vê o sofrimento de seu filho. De um aleijado que tem dificuldades para realizar os atos mais simples. Etc etc etc.
Expanda sua compaixão para com todos os seres sencientes. Deixe que a luz irradiada por você banhe incondicionalmente todos os seres. Envolva-os em luz.
Deixe que a luz seja o veículo de tua compaixão.
2) Aprofundando a morte dos defeitos:
Esteja muitíssimo atento aos desejos, inclinações, gostos e quaisquer manifestações de defeitos em atos, palavras, pensamentos ou emoções durante o dia.
Ao dar-se conta de um defeito, mínimo que seja, guarde este momento. Perceba-se, estude e "fotografe" em sua memória o que sentia, pensava, falava, etc.
Na meditação, traga à luz da consciência este episódio e estude-o profundamente.
Veja-o e reveja-o inúmeras vezes, procurando captar sempre o elemento oculto atrás da manifestação egóica.
De tempos em tempos descanse na contemplação isenta de julgamentos. Logo, foque sua visão para dentro em busca dos desejos, gostos e apegos que criam e fortalecem todo e qualquer defeito.
Na medida em que lentamente vamos percebendo os intricados caminhos de nossos vícios mentais, devemos invocar o Cristo sagrado e a Mãe Santíssima, pedindo e implorando pela eliminação desses defeitos.
Esforce-se para não voltar a repeti-los.
3) A busca pelo Vazio:
Não pense. Observe.
Deixa que os pensamentos fluam sem interferências, julgamentos, comparações, bloqueios ou restrições. Observe tudo com atenção.
Põe tua atenção em cada sutil imagem.
A atenção é o veículo de sua consciência. A consciência estará onde estiver sua atenção.
Não deixe que a atenção disperse. Volte a focalizar a atenção na mente natural, isenta de pensamentos.
Contemple, contemple e contemple.
Na contemplação não há dualidade, julgamento, comparação. Apenas contemple.
Mantenha este estado sempre, sempre. Aprofunde sua visão e atenção. Perceba que tudo ficará mais claro e transparente.
Repouse esta atenção principalmente no silêncio que existe entre a inalação e exalação e entre a exalação e inalação.
Vá mais longe. Repouse sua atenção no silêncio que há entre dois pensamentos.
Faça desse silêncio uma eternidade.
Procure levar esse estado para o dia-a-dia.
Daniel Ruffini
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