"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A MORTE (VÁRIAS FACES DA MORTE)



MORTE

Se a natureza se mostra de uma suprema indiferença diante da morte, é porque esta, substancialmente, nada destrói; tanto que, não obstante as contínuas mortes, a vida continua. A morte nada destrói do que é matéria, nem do que é espírito.

A matéria abandonada volta a um nível inferior; é recolhida a um ciclo mais baixo de vida; o psiquismo reassume, então, o dinamismo, reúne os valores espirituais e ascende imaterial e invisível, para se equilibrar no nível que lhe é próprio por peso específico.

Assim como a Natureza, lançando mão da luz e das cores, pinta os mais maravilhosos quadros e, depois, com indiferença, deixa que se desvaneçam, porque sabe reconstruí-los imediatamente, mais belos ainda, tão rica ela é de beleza, também a vida, com a química do plasma, com suas forças íntimas, com a sabedoria do psiquismo, modela as mais belas e maravilhosas formas e depois deixa que murchem e morram, porque sabe num instante refazê-las, e as refaz mais belas, numa infinita prodigalidade de germens.

A morte, com efeito, não lesa o principio da vida, que permanece intacto e é continuamente rejuvenescido devido à sua renovação continua através da morte.

Se a Natureza não teme e não foge à morte, é porque esta é condição de vida e aquela nada perde da sua íntima economia.

A natureza sabe que a substância é indestrutível; que nada jamais se pode perder, quer como quantidade, quer como qualidade; sabe que tudo ressurge da morte: ressurge o corpo, no ciclo dos escambos orgânicos e ressurge o espírito no psiquismo diretor.
(Texto extraído do Livro "A Grande Síntese", de Pietro Ubaldi.)
O Tao do Morrer
Tbc Tao of Dying Doug Smith (Caring Publishing, Washington, USA)

Para aquele que oferece cuidados, a dor representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar o alívio da dor.
Para aquele que oferece cuidados, a ansiedade representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar o despertar da calma.
Para aquele que oferece cuidados, a raiva representa uma oportunidade,a oportunidade de testemunhar a conquista da paz.
Para aquele que oferece cuidados, a morte representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar a descoberta da vida.
Aquele que oferece cuidados nada pede. Ainda assim, recebe muitas oportunidades.


A morte do ponto de vista espiritualista.

"Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos hastos." (André Luiz - Nosso Lar, p.17)

Para a ciência a morte e a cessação das atividades biológicas. Para as religiões, filosofias ou seitas espiritualistas é o rompimento dos laços que prendem o espírito ao corpo. As controvérsias sobre esse fenômeno são muitas, basicamente podem ser resumidadas da seguinte forma: os métodos usados pela ciência para detectar a existência do espírito são insuficientes para tal feito, pois que o fator espiritual (ou religioso, fé, etc) não pode ser comprovado, mensurado, analisado ou observado pelas técnicas científicas. Sobre isso já escrevemos sobre em O Fator Religião que evidencia as diferença entre ciência e religião.

Assim o espiritualismo acredita que ao cessação as atividades biológicas do corpo o espírito que ali habitava se liberta. Entendam que, melhor é falar somos um espírito e não temos um espírito. Somos um ser eterno como Deus que surgiu de alguma forma, para a maioria foi criado ou está sendo criado por Deus, mas não é via de regra. E está fadado à evolução.

Os processos reencarnatórios são apenas uma parte da senda do espírito. Uma etapa onde ele usa vários corpos para aprender com as várias circunstâncias nas quais ela será submetido e com isso aprenderá.

O espírito, que somos nós, sente de forma muito variada a hora da morte. De modo geral, podemos dizer que são tantas as formas de mortes e as sensações como são as pessoas. Mas, existe algum padrão mais ou menos repetitivo que podemos observar na literatura espiritualista. Vamos a eles:

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Ainda no corpo ocorre o que podemos chamar de "preparação para a morte", um certo pressentimento que deixa, de modo geral, a pessoa mais espiritualizada. Nessa etapa ela pode ter visões ou em desdobramento, no sonho, ter contato com entidades espirituais que ele encontrará no pós morte. Essa descrição se enquadra numa morte natural, é claro, e nem sempre quer dizer que tais entidades são boas e que tudo é maravilhoso. Suponha-se um assassino de muitas pessoas, essas pessoas, por ele assassinadas, podem encontrá-lo após a morte.
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Na próxima etapa ocorre a separação do espírito do corpo que ele usou. Essa se dá de forma gradual e pode durar de algumas horas até meses, mesmo após a morte do corpo físico, mesmo após o corpo enterrado, o espírito ainda pode estar, de alguma forma, com laços presos ao corpo . Nessa etapa ocorre um efeito que podemos chamar de retrospectiva da vida atual, em questão de segundos passa um filme de toda nossa vida que pode provocar sensações boas ou ruins, dependendo de como se viveu.
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Depois, logo quando ocorre a separação total ou parcial, o espírito toma consciência de si. Normalmente percebe que não está mais no mundo dos "vivos" ou dos encarnados e isso traz uma certa perturbação. Perde a noção de tempo e de espaço. Se vê num mundo diferente, regido por leis que ele, na maioria das vezes, não se lembra mais de como elas funcionam e precisa aprender outra vez.
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Aos poucos ele vai aprendendo como agir nesse novo mundo. Entendam que pode haver uma variedade praticamente infinita de lugares no pós-morte: cidades da mais variadas formas e com os mais variados objetivos, lugares horríveis semelhante ao que se convencionou chamar de inferno, lugares bonitos de paz, lugares que podem ser um meio termo entre o que entendemos por bom e ruim, etc. Onde a pessoa fica ou vai após a morte, se é um lugar bom ou ruim dependerá no nível mental dela. Os lugares são reflexo das mentes que neles habitam. Assim, impera a questão da afinidade. Mas, o que muitas vezes acontece, é que a pessoa mente para ela mesma em vida e após a morte a verdade chega e ela vê que não foi merecedora suficiente para habitar um determinado lugar. Não que isso seja uma punição, é afinidade.
Quanto a pessoa é posta a viver do lado de quem se assemelha a ela isso pode causar alguns transtornos. Há expressões famosas nas mais varias das religiões e culturas que expressam bem essa situação: diga-me com quem tu andas que eu te direi quem tu és. Essa é uma das melhores.
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Por fim, ocorre uma adaptação e um reconhecimento da situação na qual se encontra. O espírito reavalia e redireciona suas expectativas, aprende, estuda, trabalha; em síntese, atua no mundo espiritual e até pode desempenhar funções específicas.

Encerrando esse post, como já falamos anteriormente, há vários tipos de morte. O que se relacionou aqui é apenas uma apresentação geral e a grosso modo, capaz apenas de dar um pequeno enfoque de algumas situações que se repetem na literatura espiritualista.
Referências:
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos [trad. Salvador Gentile] Araras: IDE, 1992.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar [pelo espírito André Luiz] Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1992.



Transcender a morte-OSHO



A vida se estende por um longo período – sententa, cem anos. A morte é intensa, porque ela não se estende; ela se concentra num único instante. A vida tem de se prolongar por setenta , cem anos; ela não pode ser tão intensa. A morte vem de uma vez só; vem inteira, não vem em partes. Ela será tão intensa que nada que você conhece a superará em intensidade. Mas, se ficar com medo, você perderá uma oportunidade de ouro, o portal dourado. Se durante toda sua vida você aceitar as coisas, quando a morte vier, com paciência e passividade, você a aceitará também e irá ao encontro dela sem fazer nenhum esforço para fugir. Se você conseguir aceitar a morte passivamente, em silêncio, sem esforço, ela desaparece.

Nos Upanishads conta-se uma história antiga de que eu sempre gostei muito. Um grande rei chamado Yataji fez cem anos. Já era o suficiente; ele já vivera demais. Tinha aproveitado tudo o que a vida lhe dera. Fora um dos maiores reis de seu tempo. Mas a história é belíssima...

A morte chegou e disse a Yataji, “Prepare-se. Chegou a sua hora e eu vim buscá-lo”. Diante da morte, Yataji que fora um grande guerreiro e vencera muitas guerras, começou a tremer e disse, “Mas é cedo demais!” A morte então disse, “Cedo demais? Você viveu cem anos! Até os seus filhos já estão velhos. O seu primogênito tem oitenta anos. O que mais você quer?”

Yataji tinha cem filhos, pois tivera cem esposas. Ele perguntou à morte, “Você pode me fazer um favor? Eu sei que você tem de levar alguém. Se eu conseguir convencer um dos meus filhos, você pode me deixar aqui por mais cem anos e levá-lo no meu lugar?” A morte respondeu, “Para mim não há problema algum se há alguém preparado para ir. Mas eu acho que não haverá... Se você não está preparado, você que é o pai, já viveu mais e aproveitou tudo o que tinha para aproveitar, por que o seu filho estaria preparado?”

Yataji chamou os seus cem filhos. Os mais velhos permaneceram calados. Fez-se um grande silêncio, ninguém dizia nada. Só um filho, o mais novo, com dezesseis anos apenas, levantou-se e disse, “Eu estou preparado”. Até a morte lamentou pelo menino e disse, “Talvez você seja inocente demais. Não vê que os seus noventa enove irmãos ficaram em absoluto silêncio? Um tem oitenta anos, o outro tem setenta e cinco, o outro tem setenta, o outro tem sessenta – eles já viveram, mas querem viver mais. E você ainda nem viveu. Até mesmo eu me entristeço por levar você. Pense melhor”.

O rapaz respondeu, “Não, só de ver a situação já tenho certeza. Não se entristeça nem lamente. Eu vou com absoluta consciência. Posso ver que, se meu pai não se satisfez em cem anos, que sentido faz permanecer aqui? Como eu posso me sentir satisfeito? Estou vendo os meus noventa e nove irmãos; ninguém está satisfeito. Então para que perder tempo? Pelo menos eu posso fazer esse favor a meu pai. Na sua idade avançada, deixe-o aproveitar mais cem anos. Mas para mim acabou. Diante dessa situação em que ninguém mais está satisfeito, uma coisa ficou bem clara para mim: mesmo que eu viva cem anos, também não ficarei satisfeito. Portanto, que diferença faz partir hoje ou daqui a noventa anos? Pode me levar”.

A morte levou o rapaz. Depois de cem anos ela voltou e Yataji teve a mesma atitude. Ele disse, “Esses cem anos passaram tão rápido! Todos os meus filhos morreram, mas eu tenho outros. Posso lhe dar um deles. Só tenha misericórdia de mim”.

E essa situação, conta a história, continuou durante mil anos. Dez vezes a morte veio e nove vezes ela levou um dos filhos, deixando que Yataji vivesse mais cem anos. Na décima vez, Yataji disse, “Embora eu esteja tão insatisfeito quanto estava quando você veio pela primeira vez, agora, embora de má vontade, relutante, eu irei, pois não posso continuar a lhe pedir favores. Já chega. Uma coisa ficou clara para mim: se mil anos não me trouxeram contentamento, outros mil anos também não trarão”.

Isso é apego. Você pode continuar vivendo, mas como a idéia da morte é chocante, você ficará apreensivo. Mas, se você não estiver apegado a nada, a morte pode vir neste exato momento e você a receberá de bom grado. Estará absolutamente preparado para partir. Diante de uma pessoa assim, a morte é derrotada. Ela só é derrotada por aqueles que estão prontos para morrer a qualquer momento, sem nenhuma relutância. São esses que se tornam imortais, que se tornam budas.

Essa liberdade é o objetivo de toda busca religiosa.
Libertar-se do apego é libertar-se da morte.
Libertar-se do apego é libertar-se da roda de nascimento e morte.
Libertar-se do apego torna você capaz de seguir para a luz universal e de se fundir com ela. Essa é a maior de todas as bênçãos, o êxtase absoluto, além do que nada mais existe. Você estará em casa.

(...) Aconteceu no último dia de vida de Gautama Buda sobre a terra. Um homem muito pobre convidou-o para fazer uma refeição em sua casa. Esta era a rotina: Buda abria a porta cedo pela manhã e quem o convidasse primeiro teria o convite aceito para aquele dia, e Buda ia para a casa dessa pessoa. Ele costumava fazer apenas uma refeição por dia.

Era praticamente impossível para uma pessoa pobre convidá-lo, e dessa vez fora apenas acidental. O rei estava vindo para convidá-lo, mas no caminho aconteceu um acidente e a carruagem em que ele estava se quebrou; então o rei se atrasou, chegando alguns minutos depois. E, nesse meio tempo, Buda aceitou o convite do homem pobre.

O rei disse: "Conheço esse homem. Ele tenta convidá-lo sempre que você vem para esta cidade". E Buda gostava muito de alguns lugares, e aquela cidade, Vaishali, era uma das que Buda mais gostava. Em todos os seus 42 anos como mestre, ele visitara Vaishali pelo menos quarenta vezes, praticamente uma vez por ano. E ele ficou em Vaishali por pelo menos doze estações de chuva, pois costumava interromper suas andanças por ser muito difícil caminhar nessa época do ano.

O rei disse: "Conheço esse homem, eu o vi muitas vezes. Ele estava sempre tentando... e ele nada tem a oferecer! Por favor, descarte a idéia de ir à casa dele".

Mas Buda replicou: "Isso é impossível, não posso rejeitar o convite, preciso ir". E ele foi, e essa ida se tornou fatal para o seu corpo, porque em Bihar, onde Buda caminhava... o nome "Bihar" veio das andanças de Buda; Bihar significa "o lugar onde um buda viaja". Essa é a área em que ele continuamente viajou por 42 anos, essa fronteira define todo o estado de Bihar. Buda foi, e as pessoas pobres de Bihar juntam cogumelos, os secam e os guardam para a estação das chuvas. Eles os usam como alimento, mas alguns cogumelos são venenosos. E esse homem preparou cogumelos para Buda, pois não tinha mais nada a oferecer, apenas arroz e cogumelos.

Buda olhou o que o homem lhe ofereceu... mas dizer não ao pobre homem iria magoá-lo, então ele comeu aqueles cogumelos. Eles estavam muitos amargos, mas se dissesse isso, iria magoar o pobre homem, então ele comeu tudo se dizer nada; depois, agradeceu ao homem e foi embora. Buda morreu intoxicado por aquela comida.

E quando lhe perguntaram no último momento: "Por que você aceitou? Você sabia, o rei o preveniu, outros discípulos o preveniram dizendo que ele era tão pobre que não poderia lhe oferecer uma comida saudável. E você é velho, tem 82 anos de idade e precisa de uma alimentação adequada. Mas você não escutou".

Buda disse: "Foi impossível... Sempre que a verdade é convidada, ela tem de aceitar o convite. Ele me convidou com tal paixão e amor como ninguém jamais me convidou, e valeu a pena arriscar a minha vida".

Essa história é bela e também verdadeira no que se refere à verdade suprema: tudo o que é necessário de nossa parte é um convite total, sem reter nem mesmo uma pequena parte do nosso ser. Se estivermos totalmente disponíveis, abertos e prontos para receber o hóspede, o hóspede vem. Nunca foi diferente.

Esta é a lei da existência: a verdade não pode ser conquistada, mas pode ser convidada. A pessoa precisa apenas ser uma anfitriã para o convidado supremo. E é isso que chamo de meditação; ela simplesmente o deixa vazio de todo o lixo, ela o esvazia completamente para que você fique espaçoso, receptivo, sensível, vulnerável e disponível. E todas essas qualidades fazem com que você convide de uma maneira apaixonada, um convite para o desconhecido, um convite para o inominável, um convite que tornará sua vida uma satisfação, sem o qual a vida é um exercício de completa futilidade. Mas não se pode fazer mais nada além disso; apenas um convite e esperar.

É a isso que eu chamo de prece: um convite e uma espera em profunda quietude e confiança de que irá acontecer. E acontece, sempre aconteceu! Ais dhammo sanantano, diz Buda, essa é a lei suprema da existência.

No dia em que Buda morreu, pela manhã ele reuniu todos os discípulos, todos os seus sanyasins, e lhes disse: "Chegou agora o meu último dia, o meu barco chegou e preciso partir. E essa foi uma bela jornada, uma bela união. Se vocês tiverem alguma pergunta a fazer, podem fazer, pois não estarei mais disponível fisicamente para vocês".

Um grande silêncio caiu sobre os discípulos, uma grande tristeza. E Buda riu e disse: "Não fiquem tristes, pois é isto que repetidamente lhes venho ensinando: tudo o que começa termina. Agora deixe que eu lhes ensine também por meio da minha morte. Como vim ensinanando a vocês por meio da minha vida, deixe-me também ensinar-lhes por meio da minha morte". Ninguém conseguiu reunir coragem para fazer uma pergunta. Por toda a sua vida eles fizeram milhares e milhares de perguntas, mas aquele não era o momento de perguntar nada; eles não estavam no estado de ânimo adequado, mas chorando e soluçando.

Então Buda disse: "Adeus. Se vocês não têm nenhuma pergunta, então eu partirei". Ele se sentou sob uma árvore com os olhos fechados e desapareceu do corpo. Na tradição budista, isso se chama "a primeira meditação", desaparecer do corpo. Isso significa desidentificar-se do corpo, saber total e absolutamente que "Não sou o corpo".

Fatalmente uma questão surgirá em sua mente: "Buda não sabia disso antes"? Ele sabia, mas uma pessoa como Buda precisa criar alguma estratégia para que apenas um pouco de si permaneça conectado ao corpo. Senão, ele teria morrido há muito tempo, há 42 anos, no dia em que sua iluminação aconteceu. A partir da compaixão, ele criou um desejo, o desejo de ajudar as pessoas. "Tudo o que vim a saber, preciso compartilhar". Se você deseja compartilhar, precisará usar a mente e o corpo. Essa pequena parte permeneceu ligada. Agora ele corta até mesmo essa pequena raiz no corpo e se desidentifica do corpo. Quando a primeira meditação está completa, o corpo é abandonado.

Então a segunda meditação: a mente é abandonada. Ele abandonou a mente há muito tempo, ela deixou de ser uma mestra, mas como serva ela ainda era usada. Agora ela nem mesmo é necessária como serva, e é completamente abandonada, totalmente abandonada.

Então a terceira meditação: ele abandonou o coração. Até o momento ele fora necessário, Buda vinha vivendo por meio do coração; não fosse assim, a compaixão não teria sido possível. Ele tinha sido o coração, e agora ele se desconecta do coração.

Quando essas três meditações estão completas, acontece a quarta. Ela deixa de ser uma pessoa, uma forma, uma onda, e desaparece no oceano. Ele se torna aquilo que ele sempre foi, aquilo que conheceu há 42 anos, mas que de alguma forma conseguiu adiar, a fim de ajudar as pessoas.

A morte é um grande experimento em meditação. E conta-se que muitos dos presente, apenas ao vê-lo se mover lentamente... Primeiro eles perceberam que o corpo não era mais o mesmo; algo tinha acontecido, a vivacidade tinha desaparecido do corpo. O corpo estava ali, mas como uma estátua. Os que eram mais perceptivos, mais meditativos imediatamente perceberam que agora a mente tinha sido abandonada e que não havia mente ali dentro. E os que eram ainda mais perceptivos puderam ver que o coração tinha acabado. E os que estavam realmente na beira do estado búdico, ao perceber Buda desaparecer, também desapareceram.

Muitos discípulos se iluminaram no dia em que Buda morreu, muitos, apenas ao percebê-lo morrer. Eles o tinham observado viver, tinham visto a vida dele, mas agora havia chegado o crescendo, o clímax. Eles o viram morrer uma bela morte, com muita graça, num estado profundamente meditativo... ao perceber isso, muitos despertaram.




A morte de cada dia


Num artigo muito interessante, Paulo Angelim que é arquiteto, pós-graduado em Marketing dizia mais ou menos o seguinte:

Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia.

A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, isso é óbvio!

A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro.

Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente.

Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.

Quer ter um bom relacionamento, então mate dentro de você o jovem inseguro ou ciumento ou o solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.

Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior. E, qual o risco de não agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo nossa produtividade e, por fim, prejudicando nosso sucesso.

Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam se transformando em projetos inacabados, híbridos, adultos infantilizados. Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar atitudes infantis, para passarmos a agir como adultos. Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e mais evoluído?

Então, o que você precisa matar em si ainda hoje para que nasça o ser que você tanto deseja ser?

Pense nisso e morra!

Mas, não esqueça de nascer melhor ainda!

Ao transportar esta página dê os créditos ao trabalho de pesquisa.

trabalho de pesquisa e montagem da página: Fatima dos Anjos
http://portalarcoiris.ning.com/forum/topics/a-morte-varias-faces-da...

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