"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

continuação ... O ESPÍRITO DE DUAS OBRAS


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“Os maus pensamentos são a abominação do Senhor; e a palavra pura, como
muito agradável, será por ele aprovada” - Provérbios, cap. 15.

Melhor convém tratar do Pensamento em si, como patrimônio natural do espírito,
como faculdade manipuladora.

Nas iniciações antigas era elementar dizer-se que o Segundo Estado de Deus é a
Luz Divina, sendo que ela saiu e sai de Sua Mente, de Sua Primeira Ação.

Ensinavam, portanto, que Saber Pensar é o mesmo que Saber Agir, para manipular
ou acionar, ou mesmo criar, segundo outros. O fato é que a centelha espiritual é
envolvida de zonas energéticas; que estas zonas ou coroas energéticas vão se
adensando, materializando, até virem a constituir o corpo astral ou perispírito, que já é
muito grosseiro. Somente por evolução é que o corpo astral volta ao Estado de Luz
Divina, participando então da Divina Ubiqüidade.

A centelha ou espírito, por conseguinte, através das energias que a envolvem aciona
sobre todo o corpo astral, e, enquanto for encarnada, sobre todo o físico, produzindo o
Bem ou o Mal para si mesma. Pensar é comandar forças tremendas, é construir o Céu ou
o Inferno. Se a Primeira Ação de Deus, da Essência Divina, é exercitar a Mente, como
não será o Pensamento, em Seus filhos, também a suprema alavanca construtora?

Havendo a Grande Lei de Harmonia, ou Força Equilibradora, certo é que pensar
bem é agir conforme ela, é produzir a própria glorificação. E quem pensar mal e mal
produzir, para si o fará. A receita é, a cada um segundo as obras.

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“É melhor encontrar uma ursa, à qual roubaram os seus filhinhos, do que a um
insensato, que se fia na sua loucura” - Provérbios, cap. 17.

Isso mesmo pode-se dizer dos religiosistas, daqueles que acreditando nos vícios
idólatras que lhe meteram pela cabeça, pensam estar observando a Soberana Vontade de
Deus. Estes tais, saturados de erros, assassinam Profetas e crucificam Cristos, pensando
fazer coisa digna de Deus. Foi por causa destes que Jesus disse aos Apóstolos – “E todo
aquele que vos matar, pensará estar servindo a Deus.”

A ursa ferida, pela morte de seus filhinhos, quando muito poderia matar o corpo;
mas a falsa doutrinação aleija o espírito, torna-o grande pecador. É por esta razão que na
Terra, tanto se fala em Deus, quanto se blasfema das verdades de Deus. Cada errado, ou
fanatizado religiosista, pretende mais ensinar a Deus do que aprender com Deus.

Convém lembrar a conduta dos papas, sacerdotes, escribas e fariseus, para com Jesus?

Nesta hora, quando a Moral, o Amor e a Revelação, o Saber e a Virtude, se
empenham no mundo pela reforma da Humanidade, como agem os religiosistas? Como
julgam ao Espiritismo, ao renovo do Pentecostes?

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“Teme a Deus, e observa os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o
homem” - Eclesiastes, cap. 12.

A parte de Deus é Eterna, Perfeita e Imutável; e os filhos de Deus, por mais que
possam e façam, somente podem e fazem bem, quando de acordo com os Princípios
Eternos e Imutáveis de Deus. No caso de Jesus, para focalizar uma vez mais o fanatismo
religiosista, como pensaram os papas e sacerdotes, escribas e fariseus? Eles não se
acreditavam certos, pregando o Cristo na cruz? Logo, por medida de prudência,
procuremos saber se estamos certos ou não. Principalmente se formos prosélitos de
religiosismos clericalistas, daqueles que fazem da fé meio de vida ou negociatas. Porque
os anseios do bolso e do estômago, do sexo e do orgulho, da vaidade e de outros
defeitos, fazem com que o homem perca a noção do respeito que deve ao que é de Deus.

Convém notar que a Lei de Deus não cai em contradição; ela é Moral, Amor e
Revelação, Sabedoria e Virtude, não tendo jamais ensinado religião alguma. Ela é acima
de convenções humanas, muito acima de partidarismos clericalistas. Basta pensar que
Jesus, Aquele que veio viver a Lei, para servir de Divino Molde, foi colocado pelo
religiosismo num madeiro infamante.

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“Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante de meus olhos a malignidade de vossos
pensamentos; cessai de obrar perversamente; aprendei a fazer bem; procurai o que é
justo; socorrei ao oprimido; fazei justiça ao órfão; defendei a viúva” - Isaías, cap. 1.

Tal e qual a Lei de Deus ensina, ela que não tem religião nem sofre de preconceitos
e injunções humanas; é a fraternidade a sua divisa, é o amor ao próximo o seu
ministério. O Saber e a Virtude coroando as ações dos filhos de Deus, representando-os
perante a Justiça Divina, sem a purulenta ingerência das simulações religiosistas, sem a
putrefacta manobra dos engodos clericalistas, cheios de pompas e salamaleques por
fora, mas vazios de Sabedoria e de Virtude por dentro.

Assim falavam e falam os Médiuns ou Profetas; e por ser a linguagem da Verdade
sempre a mesma, que fizeram sempre os fabricantes de religiosismos com eles? Não é
certo que perseguiram a uns, mataram a outros, e, pior ainda, continuaram e continuam
a blasfemar contra a Revelação?

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“Visão que teve Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém” - Isaías, cap. 2.

Isaías foi um grande vidente e auditivo; viu e ouviu, por essas mediunidades, coisas
sobre a sua época e a sua gente, tendo ouvido e visto, também para a posteridade. Não é
com idolatrias e fanatismos religiosistas que se consegue tamanha capacidade em dons
espirituais ou mediunidades; é com o máximo de respeito à Lei de Deus.

Com o passar dos dias, nomes novos vão sendo dados às leis e aos fenômenos,
causando isto muita confusão e pronunciações estultas nos cérebros vazios de
entendimento. O Profeta é agora o Médium, o Dom de Profecia é agora a Mediunidade,
os Anjos são agora os Espíritos, e assim por diante.

Os espíritas devem compreender a incapacidade intelecto-moral dos fanáticos
religiosistas, não fazendo conta ou caso de suas vociferações. Muito antes de fazerem
isso com os modernos Profetas, fizeram eles coisas piores com os antigos, fazendo
muito pior ainda com o Cristo. Qual foi o progresso humano, espiritual ou material,
contra o qual as clerezias não levantaram armas assassinas? Quem não sabe que os
religiosismos sempre dividiram mais as gentes do que as políticas?

Pelo menos, lembremos a parábola dos odres e dos panos velhos, que não podem
suportar vinho nem remendos novos. Quando espontâneos, ou puros de intenção,
merecem pelo menos piedade. São apenas do apostolado da santa ignorância, e, por
mais que se lhes explique a lei dos progressos, eles continuam a ser muito coerentes
com a própria morbidez dogmática. São os Caifás e os Gamaliel de todos os tempos,
que com a aprovação da carrada de mediocridades de que são portadores, pensam que
crucificando a Verdade prestam bom serviço a Deus.

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“A Virtude da dor é a razão do gênio. Sim, sábios e santos, profetas e criadores
divinos, resplendem de uma beleza mais comovente, para os que sabem que eles
também saíram da evolução universal. Quantas vidas, quantas vitórias têm sido
necessárias, para conquistar essa força que nos espanta? De que céus, já
atravessados, vem essa luz inata do gênio?” - G. I.

Exatamente assim, pois o progresso caracteriza a obra de Deus. Entretanto, cumpre
notar, a falta de evolução faz os papas e os sacerdotes, os escribas e os fariseus, todos
aqueles que, para eles mesmos, porque se julgam detentores da Verdade, têm o direito
de trucidar os Profetas e crucificar os Cristos. A História dos Mundos e das
Humanidades está referta de tais lições.

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“Porque a eterna Verdade foi quem lhes impôs a sua missão; porque os protegem
legiões invisíveis, e porque o Verbo Vivo fala neles” - G. I.

Em Deus não há favores nem desaforos para filho algum; todos partem do mesmo
modo, tendo em potencial as qualidades que os farão, um dia, brilhar muito mais do que
brilha qualquer Sol material. A questão é reconhecer a lei de progresso, e,
reconhecendo-a, fazer tudo para atingir a Sagrada Finalidade, o grau crístico.

Enquanto, porém, os espíritos forem embrionários em evolução, ou infantis de
entendimento, para eles a mentira será a Verdade e o vício idólatra será a Virtude. Com
muita alegria soltarão Barrabás e crucificarão o Cristo! Com muito engenho e com
muita arte, blasfemarão contra o Batismo de Espírito e farão a Humanidade errar,
cultivando simulações pagãs!

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“Esses homens têm tido vários nomes na História - são os primordiais, os
adeptos, os grandes iniciados, gênios sublimes que metamorfoseiam a Humanidade.

São tão raros que a gente pode contá-los na História; a Providência semeia-os no
Tempo, com largos intervalos, como os astros nos céus” - G. I.

Eles são, como afirma o Autor de OS GRANDES INICIADOS, o produto de
largas fermentações evolutivas. O Espiritismo, que é a Súmula das Revelações, por ser a
Restauração do Batismo de Espírito, ensina isso perfeitamente. Caso não fosse assim,
haveria incoerência em Deus, falha na Sua Divina Justiça, pois enquanto uns teriam
tudo de favor, outros nada teriam por desaforo!

Aos que não podiam e não podem entender as leis regentes, Jesus respondeu e
responde assim - “O que é impossível aos homens é possível a Deus.”

E deixou o Consolador, a Revelação, para ir aos poucos ensinando aquelas verdades
que, naqueles dias, não pôde ensinar.

Todavia, o Espiritismo é a Restauração do Consolador. E os entendimentos ainda
continuam secos, encruados, tardos e rebeldes; daquele mesmo modo que forçou
Estêvão a dizer aquelas sentenças que se encontram no capítulo sete do Livro dos Atos
dos Apóstolos. Isto é, por ignorância e maldade, lutando sempre contra a Revelação
Instrutora, matando os Profetas!

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“Para alcançar esse ideal, segundo Pitágoras, era preciso reunir três perfeições -
realizar a verdade na inteligência, a virtude na alma e a pureza no corpo.” - G. I.

Cumpre entender as palavras de Pitágoras, quando disse pelos seus versos - “Tu
verás que os males que devoram os homens, são o fruto da sua escolha; e que os
infelizes procuram longe deles, o bem cuja fonte têm em si mesmos.”

Estas lições, de eterna realidade, vêm desde os primórdios védicos, desde as
primeiras manifestações mediúnicas da História. Buda ensinou a mesma realidade e
Jesus rematou a lição, proclamando que cada um tem dentro de si mesmo o Reino do
Céu. Quanto ao Consolador, sua missão é ministrar o conhecimento das
particularidades. A Revelação contínua fará saber tudo sobre as minúcias.

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É muito triste saber que os infelizes buscam longe de si a libertação, o Reino do
Céu que trazem em si mesmos; muito mais triste ainda é, entretanto, saber que existem
religiosismos comercialistas, cujo fito exclusivo é desviar as criaturas do Conhecimento
da Verdade; que inventam simulações e formalismos, com que se refestelam em
vantagens mundanas, ao mesmo tempo que fazem negar a Moral, o Amor, a Revelação,
o Saber e a Virtude. Isto é, que ficam nas portas do Templo da Verdade, não entram e
não deixam entrar aqueles que poderiam fazê-lo.

O pior, em tudo quanto fazem de mal, é que o fazem em nome de Deus, da
Verdade, do Cristo e do Bem! A Terra está cheia, por causa disso, de criaturas que não
acreditam nas boas obras, nos atos de fraternidade, nas práticas virtuosas, para darem
crédito aos simulacros que compram aos vendilhões de idolatrias.

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“Se nos céus se acendesse ao mesmo tempo o esplendor de mil sóis, disse Crisna,
ele apenas se assemelharia ao esplendor do Todo Poderoso único.” - G. I.

“Mestre, as tuas palavras enchem-nos de espanto, e nós não podemos sustentar a
vista do Grande Ser que tu evocas aos nossos olhos. Ele fulmina-nos!” - G. I.

“Escutai o que ele vos diz pela minha boca: eu e vós, todos nós havemos tido
várias encarnações. As minhas só de mim mesmo são conhecidas; mas vós nem as
vossas conheceis. Ainda que eu não esteja, pela minha natureza, sujeito a renascer ou
a morrer, e que seja o Senhor de todas as criaturas, no entanto, como sou eu que
dirijo a minha natureza, torno-me visível pelo meu próprio poder, e sempre que a
virtude decline no mundo e que o vício e a injustiça a vençam, eu me tornarei visível,
e me mostrarei de idade em idade, para a salvação do justo, destruição do malévolo e
restabelecimento da virtude” - G. I.

“E, entretanto, ide, ide pregar ao povo a via de salvação” - G. I.

“A ciência do homem não é mais que vaidade; todas as suas boas ações são
ilusórias, desde que ele não saiba referi-las a Deus. Aquele que é humilde de coração
e de espírito é amado de Deus; e não tem necessidade doutra coisa. Só o infinito e o
espaço podem compreender o infinito; só Deus pode compreender Deus” - G. I.

A Doutrina do Filho Verbo ou do Verbo Luz vem de muitas dezenas de milhares de
anos; as tradições indianas perdem-se na noite dos milênios remotíssimos; e, todavia,
quer seja através do Védico-Budismo, quer seja através de Rama e de Crisna, quer seja
através dos Hermes, dos Zoroastros, de Apolo, de Moisés, de Pitágoras, etc., em todas
as Doutrinas Reveladas esplende a Verdade Crística, fulgura a Sabedoria, canta o Amor
e tem marca fundamental a evolução das almas, até atingir a união com o Sagrado
Princípio Criador.

De tal modo a alma do Cristianismo viveu sempre em todos os Grandes
Reveladores do passado, que os estudiosos são obrigados a afirmar a Encarnação do
Verbo algumas vezes, ou a sentenciar que o Cristo Planetário andou falando pela boca
de alguns Seus Enviados, também algumas vezes. Porque, afora a função missionária de
Jesus, que era Batizar em Revelação, e a Sua Ressurreição em Espírito, a fim de revelar
cabalmente a finalidade gloriosa do Espírito, tudo o mais que se queira, em Doutrina, já
estava revelado desde muito antes de Jesus vir ao plano carnal.

Convém ressalvar aqui, com todo o respeito que a realidade exige, o fato de vir
Jesus para derramar do Espírito sobre a carne, e de dizer que só o faria depois de ser
crucificado, ao retornar em Espírito, como de fato aconteceu. Ninguém poderia, de
modo algum, tomar a Jesus este supremo galardão!

Lendo os capítulos quatorze, quinze e dezesseis de João, serão encontrados os
textos que se referem ao que iria acontecer depois da crucificação; lendo os capítulos
um, dois, sete, dez e dezenove dos Atos, serão encontrados os textos que explicam o que
realmente aconteceu, sobre o Consolador, depois da crucificação e do retorno do
Espírito de Jesus.

Quanto ao corpo de Jesus, Daquele que tinha o Espírito de dons e sinais fora de
medidas terrestres; ou que fora Médium Completo; ou Perfeito Intérprete da Vontade de
Deus, nem precisava de ressurgir como carne nem tão pouco de fazê-lo sumir de outro
modo. A ação mediúnica, como se diz agora dos dons espirituais, explica isso. Ademais,
tendo recorrido a possibilidades mediúnicas, e lançado mão de recursos psicométricos,
tudo foi revivido perfeitamente e várias vezes. Seria insensatez reproduzir tais fatos para
o vulgo, ou mesmo citá-los; quem for tendo possibilidades, que faça experiências com a
devida santidade de intenção, que a Verdade a ninguém deixará órfão. A Verdade
jamais se desmente!

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“Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” - Atos, cap. 1.

Quando se diz que o Rei do Planeta veio convidar para o Reino do Céu, estamos
dizendo que o Espírito é o avesso da Matéria; que cumpre ao filho de Deus se ir
libertando, por evolução, das leis inferiores que o prendem ao mundo, que o trazem
atado à lei da reencarnação. Se a reencarnação de Jesus testemunha a lei de
reencarnação de todos os filhos de Deus, também a Sua ressurreição testemunha a
ressurreição de todos os filhos de Deus. Bem sabemos que assim de fato o é.

Todavia, o espírito ainda inferior, embrionário em evolução, jamais poderia
conceber o Reino do Céu, sem ser ligado totalmente ao Reino do Mundo; é por isso que
fizeram aquela pergunta a Jesus, descabida ou absurda, precisamente na hora em que
Ele, triunfante e glorioso, vinha testemunhar o que seja a Sagrada Finalidade da vida!

E os homens, infelizmente, continuam pretendendo que a função do Reino do Céu é
garantir valia aos engodos do Reino do Mundo. Não querem fazer do que é material, do
que é mundo, forma e transição, as ferramentas do triunfo celestial, assim como o
Divino Mestre dera exemplo; querem a todo custo o Reino do Mundo, relegando a
plano inferior o Reino do Céu. Esquecem que o Espírito continuará e que a Matéria
passará; esquecem que o reflexo das ações jamais abandonará o Espírito, porque a cada
um será dado segundo as obras, isto é, chegará a ser assim como se fizer.

Quem se prende ao inferior, como virá a gozar o que é superior?

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“Entretanto, não se perderá um cabelo da vossa cabeça. Na vossa paciência
possuireis as vossas almas” - Lucas, cap. 21.

O capítulo vinte e um, de Lucas, é o capítulo das tremendas profecias. Como o
século vinte, este em que ora vivemos, marca o tempo de transição mais violenta, marca
a passagem de uma para outra Era, convém que haja muita prudência por parte de todos
os homens de boa vontade.

Para saber onde está a Doutrina do Senhor, basta procurar aquela que seja acima de
clerezias comercialistas, aquela que se fundamenta na Moral, no Amor, na Revelação,
no Saber e na Virtude. Não é questão de religião; é de Verdade!

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“Mas vós outros sois os que haveis permanecido comigo nas minhas tentações” -
Lucas, cap. 22.

E que ninguém se julgue acima de tentações; que aprenda, com o Cristo, a ser
simples como as pombas e prudente como as serpentes. Lembramos que a hora da
prudência, tanto pode ser aquela em que se refestele a criatura nos galardões do mundo,
como pode ser aquela em que tenha de ser crucificado de um modo qualquer, a bem da
Verdade, do Bem e do Bom. Convém lembrar que Jesus, pregado na cruz, por medida
de prudência, perdoou os Seus algozes.

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“Também eu vos farei uma pergunta” - Lucas, cap. 20.

Jesus era apenas um, enquanto que os papas, sacerdotes, escribas e fariseus eram
muitos; estava Ele com a Suprema Verdade, mas os outros estavam com as
verdadezinhas mundanas, mentirosas e blasfemas. Ele perguntou do batismo de João, e
poderia ter perguntado sobre qualquer outra Verdade, que o resultado seria o mesmo,
que a crucificação Lhe dariam, pouco antes ou pouco depois.

Não é a Terra, por enquanto, o mundo onde a Verdade possa triunfar, pelo simples
fato de ser Verdade; ela é o mundo onde a Verdade vive em perene crucificação.

Apenas, como qualquer pessoa poderá observar, a malícia mudou de posição, para
ludibriar melhor - começou a crucificar a Verdade em nome de Deus, da Verdade, do
Cristo e dos vultos do Cristianismo! Tirou do lugar a Moral, o Amor, a Revelação, a
Sabedoria e a Virtude, colocando no mesmo lugar clerezias, simulações, idolatrias e
comercialismos pagãos!

O Batismo de Espírito, que é o do Céu, continua sendo crucificado; e o batismo de
água, que é do homem, continua sendo comercializado. A Verdade, conseguintemente,
está precisando de servidores fiéis.

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“Porque não poderão jamais morrer; porquanto são iguais aos anjos, e são filhos
de Deus, visto serem filhos da ressurreição” - Lucas, cap. 20.

Confundiam os homens, como ainda confundem as clerezias, de propósito, por
motivos subalternos, querendo que os anjos fossem uma ordem de espíritos especiais e
mensageiros; e Jesus lhes dizia, sempre que podia, que anjos, espíritos ou almas,
significam a mesma coisa.

Não existe o que não seja filho de Deus; não existe espírito que não tenha de
evoluir e atingir a ressurreição final, o triunfo sobre a lei das reencarnações obrigatórias.

Os espíritos mensageiros são como os anjos ou vice-versa, para quem bem queira
aprender com Jesus.

Mortos, como disse Jesus, para Deus não existem; todos vivem para Deus, e a
diferença é de ser encarnado ou desencarnado, apenas. O Batismo generalizado de
Espírito, tem por fim a infusão dos dois planos, o que em todos os mundos dá-se por
evolução. É apenas um capítulo da grande lei biológica, lei que as Revelações
sucessivas vêm ensinando, como não poderia ser de menos.

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“E eu disse ao anjo que falava em mim: Para onde levam elas a talha?” –
Zacarias.

Se os anjos ou espíritos nunca tivessem falado aos anjos e espíritos encarnados,
nenhuma das Bíblias da Humanidade existiria; porque os Grandes Iniciados, Profetas ou
Cristos de mundos quaisquer, sempre fazem tudo por influência direta de mentores
espirituais. A mensageiria astral nunca jamais deixou de funcionar, embora os donos de
clerezias sempre fizeram questão de negar, para fazerem das gentes e da fé um simples
meio de vida. Os Mandamentos sempre vieram através do mediunismo, como exclamou
e exclama Estevão, no capítulo sete dos Atos.

Quando a Escritura diz que a Palavra do Senhor foi dirigida a um Profeta, ao
mesmo tempo afirma que o foi por algum espírito; e o espírito é um agente de fato, uma
entidade viva e pessoal, não é a imaginação do Profeta, não é sua invenção. É puro
fenômeno mediúnico, assim como bem o salienta o Profeta Zacarias, cujo capítulo sete
também vale por um caudal de advertências.

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“Ide; olhai que eu vos mando como cordeiros entre lobos” - Lucas, cap. 10.

Não são lobos os materialistas, aqueles que simplesmente nada acreditam, porque
nada sabem; os lobos são os fanáticos religiosistas, os sectários, aqueles que se
escravizaram ao seu próprio fanatismo religiosista. Jesus nunca seria crucificado
exclusivamente por Pilatos, porque Pilatos era um pagão espanhol, com o direito da
cidadania romana e em função do Império; ele não conhecia a Escritura e nada sabia das
profecias; ele não vivia segundo os manobrismos sórdidos da clerezia levítica; ele nada
entendia das futricas que eram o pão diário dos escribas e fariseus. Jesus deveria ser
crucificado pelos papas, sacerdotes e escribas, tal e qual como a Moral, o Amor e a
Revelação, vivem ainda sendo por eles mantidos em crucificação.

Onde quer que venha a faltar a Revelação, ali entrará o manobrismo idólatra, a
simulação, tudo quanto contraria a Lei de Deus. Qualquer pessoa, por menos culta que
seja, poderá notar que os cleros vivem de formalismos e discursozinhos falazes, de
simulações e aparências de culto. Enquanto falam em anjos e Profetas, enquanto dizem
que Jesus manteve colóquio com Moisés e Elias, andam pelo mundo a negar aquilo
mesmo que afirmam, andam caindo em contradição, e tudo porque apreciam mais o
mundanismo, o fanatismo religiosista, os interesses de bolso e estômago, do que a
Verdade que livra.

Como foram para com os Profetas e o Cristo, cheios de fingimento e de rapina,
assim serão até o tempo em que as gentes, compreendendo as burlas e os prejuízos
sofridos, lançá-los-ão no ostracismo. Então as gentes cultivarão a Moral, o Amor e a
Revelação, o Saber e a Virtude, e a Terra deixará de ser um mundo de ignorâncias,
guerras, pestes e fomes.

- 99 -

“Aconteceu pois que passava pelo mesmo caminho um sacerdote; e quando o viu,
passou de largo. E assim mesmo um levita, chegando perto daquele lugar, e vendo-o,
passou também de largo” - Lucas, cap. 10.

Grandiosa é a lição da Parábola do Samaritano! Nem poderia ser de menos que
Jesus assim o afirmasse, pois todos os Profetas sabiam muito a respeito da hipocrisia e
da falta de piedade dos escravos de clerezias.

Para bem compreender as coisas de Deus, cumpre que a criatura seja livre de
empeçonhamentos e convencionalismos humanos. Aquele que se escraviza a decretos
humanos; aquele que confia em vestes fingidas, rituais, simulações e cabriolas
inventadas por homens, com o fito de torná-los objetos de culto, estando em contradição
com a Lei de Deus, nunca poderá ter um cérebro lúcido e um coração amoroso.

O ponto morto não existe; ou se adora a Deus em Espírito e Verdade, sendo acima
de engodos humanos, ou se faz de tudo manobrismo fetichista, puro comércio pagão,
ainda que lançando mão do nome de Deus, ainda que falando em Jesus, ainda que
rotulando todas as capciosidades com o rótulo da Verdade.

O bom filho de Deus é aquele que vive a Lei de Deus, a Moral, o Amor e a
Revelação, jamais inventando programas ridículos para a eles se escravizar. Esta
verdade terá que triunfar no seio da Humanidade, custe mais ou custe menos, porque
Deus quer que Seus filhos se tornem também Espírito e Verdade.

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