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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Teste norte-coreano teve a potência da bomba de Hiroshima


SEUL - A Coreia do Norte realizou nesta segunda-feira seu segundo teste nuclear, muito mais potente que o de 2006, levando o Conselho de Segurança da ONU a realizar uma reunião de emergência.A Rússia avaliou que a explosão teve a mesma força da bomba atômica lançada pelos EUA contra Hiroshima, no Japão, ao final da 2a Guerra Mundial, em 1945. Agravando ainda mais a tensão, a Coreia do Norte testou três mísseis de curto alcance pouco depois do teste nuclear, segundo a agência sul-coreana de notícias Yonhap.

O Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos disse que foi detectado um terremoto com 4,7 de magnitude às 00h54 GMT (21h54, hora de Brasília) a uma profundidade de 10 quilômetros. A explosão de segunda-feira foi até 20 vezes mais potente que a primeira feita pelo país, há cerca de dois anos e meio, salientando o avanço do programa nuclear norte-coreano a despeito das negociações multilaterais para tentar contê-lo. A comunidade internacional há anos usa uma mistura de sanções e ofertas de ajuda para negociar com Pyongyang. Analistas dizem que o teste aumentará a influência norte-coreana nesse processo.

O teste ocorre num momento de especulações de que o líder Kim Jong-il, supostamente vítima de um derrame no ano passado, estaria querendo reforçar seu controle sobre o poder de modo a assegurar melhor a sucessão para um dos seus três filhos.

Os líderes da Coreia do Norte, já muito isolados internacionalmente, dizem repetidamente que a hostilidade dos Estados Unidos justifica os imensos gastos militares do regime comunista, apesar da grave situação econômica, que leva a fome para grande parte dos seus 23 milhões de habitantes.

A agência estatal de notícias KCNA disse que a Coreia do Norte "conduziu com sucesso mais um teste nuclear subterrâneo em 25 de maio, como parte das medidas para reforçar sua dissuasão nuclear de todas as formas."

O primeiro teste nuclear norte-coreano, em outubro de 2006, foi considerado relativamente fraco, com cerca de 1 quiloton, sugerindo um problema no projeto. A agência russa Itar-Tass disse que o novo teste foi de cerca de 20 quilotons, aproximadamente a mesma potência da segunda bomba atômica lançada pelos EUA contra o Japão em 1945. Um quiloton é equivalente a mil toneladas de explosivos.

"As ações da Coreia do Norte são mais para a audiência internacional, especialmente os Estados Unidos", disse Koh Yu-hwan, professor de estudos norte-coreanos da Universidade Dongguk, da Coreia do Sul. "Elementos militares belicosos da liderança norte-coreana querem uma dissuasão nuclear mais forte e um status como potência nuclear antes de irem para a mesa de negociações com os EUA."




Chamando a atenção

A Coreia do Norte há semanas ameaçava realizar o teste em resposta ao endurecimento das sanções internacionais, decidido depois de o país lançar um foguete, em abril, que supostamente violou a proibição da ONU a teste norte-coreanos com mísseis de longo alcance. Por causa da reação àquele teste, a Coreia do Norte anunciou que abandonaria o processo internacional sobre o seu desarmamento, que inclui também EUA, China, Rússia, Japão e Coreia do Sul.

"O objetivo estratégico da Coreia do Norte não mudou. Esse objetivo é chamar a atenção do governo Obama, colocar a questão da Coreia do Norte num lugar mais alto da agenda", disse Xu Guangyu, pesquisador da Associação de Controle de Armas e Desarmamento da China.

Alguns analistas disseram também que o objetivo do teste pode ser reforçar o poder interno de Kim Jong-il. Muitos dizem que o teste nuclear, contrariando a opinião pública mundial, poderia ajudar Kim a conseguir apoio de militares radicais para que um dos seus três filhos eventualmente o suceda. O atual dirigente já sucedeu ao seu pai, Kim Il-sung, nesta dinastia comunista.

"A Coreia do Norte só pode ser belicosa desta vez, porque o tempo está se esgotando para Kim Jong-il. Com a economia sombria, o sentimento do público norte-coreano pode ir contra a sucessão", disse Jang Cheol-hyeon, pesquisador do Instituto para a Estratégia de Segurança Nacional e ex-funcionário do regime norte-coreano.

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