"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Valor da Contemplação



O Valor da Contemplação


A contemplação tornou-se uma arte praticamente esquecida nos tempos modernos.

Mergulhado em caótico frenesi diário, segue o homem indiferente à natureza, à beleza e aos sinais vivos à sua volta. Escravo do tempo e de seus tantos compromissos, vitimado pela insensatez da mídia, incansável anunciadora de maus augúrios, vive olhando para baixo, esgotado em vários níveis e preso por fios invisíveis que o liga, muitas vezes, à depressão. 

A arte de contemplar pode ser compreendida como o ato de “olhar atentamente, embevecidamente para algo, admirando, simplesmente apreciando ou mesmo refletindo sobre o que se está vendo”. 

Embora isso pareça fora de moda no tempo da rapidez informatizada, do mundo globalizado, do consumismo, da distração e, principalmente, da inconsciência, é fato que ao nos dedicarmos a esse exercício nos abrimos à possibilidade de aprender a viver com mais simplicidade, testemunhando de forma mais desapegada os acontecimentos ao nosso redor. Em estado de inconsciência e distração nos apartamos da essência das coisas, com seus nuances educativos e criamos ilusões infrutíferas.

A primeira descoberta que fazemos praticando essa arte, e é aconselhável testar essa afirmação, é a de que existe beleza em tudo e em toda a parte. Não é por acaso que os grandes mestres em todos os tempos têm nos convidado aos momentos de silêncio contemplativo para que possamos nos aperceber das realidades que nos cercam.

Para não negligenciar o dinamismo que nos governa a vida, precisamos fazer um trabalho de incorporação da contemplação ao nosso movimento diário, pois, principalmente, a nós, ocidentais, não é admissível a idéia de vivermos ‘somente’ em contemplação, como faziam (e ainda fazem) monges e religiosos das várias tradições existentes. 

O convite é, antes, para uma maior apreciação daquilo que nos cerca. Existe a dor, a miséria, a violência e disso não conseguimos escapar totalmente, mas, existe também a beleza do sol, os jardins floridos, as árvores majestosas, as pessoas que passam por nós a todo o momento, enfim, a muito para se olhar, observar atentamente, apreciar... contemplar. 

A história do homem se desenrola cheia de tensões e é palpável o sentimento comum de insegurança que nos ronda. A busca por soluções forçosamente pedem uma passagem por um olhar mais profundo e atento que seja capaz de mostrar novas possibilidades. 
Nosso exercício pode começar com a contemplação através do olhar para, aos poucos, aprendermos a contemplação através da lucidez da alma, simples, imparcial em seus julgamentos, sábia e amorosa por si mesma. Gradualmente poderemos alcançar uma lucidez coletiva, a partir desta iniciativa individual.

Ines S. Mártims – E-mail: ines.s.martins@terra.com.br
Jornal Zen, edição de agosto 2009, publicado no site Luz da Consciência

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