O Caminho da Aspiração
Chega um momento em nossa marcha evolutiva que começamos a intuir sobre nossa verdadeira natureza. Ainda que vagamente, percebemos que existe uma realidade mais profunda por detrás das simples aparências e nos descobrimos seres que evoluem. Sentimos dentro de nós um mundo real que pressiona para vir à luz, e essa pressão resulta em uma necessidade de nos aperfeiçoarmos, cuidarmos de nós mesmos, iniciarmos nossa autoformação. É um momento rico, no qual desejamos sair da teoria para algo mais concreto e buscamos, então, colaborar conscientemente com as forças evolutivas que regem nossa existência.
Nesse momento, tem início o ‘caminho da aspiração’. É um apelo apaixonado da alma para que se produzam reais transformações na personalidade, o que, ao primeiro olhar, não é fácil e nem simples, exigindo constância e firmeza de propósito. Porém, é o mais belo e luminoso trabalho que podemos empreender, pois, para isso fomos criados.
Podemos chamar o processo de autoformação de re-orientação, um trabalho no qual aprendemos a redirecionar a energia de nossa personalidade, que não é nem boa, nem má, mas, neutra, para um uso mais proveitoso ao nosso processo de evolução. E, tão logo, a alma, nossa verdadeira essência, nosso verdadeiro eu, assume o controle de seu instrumento, a personalidade, passa a utilizá-lo para o serviço em prol da humanidade.
Não devemos confundir esse caminho de aspiração e autoformação com um caminho de renúncia vazia e muito menos com a destruição de nossa personalidade. É, na verdade, um trabalho de redirecionamento de nossa energia essencial para propósitos mais elevados.
O caminho da aspiração se constitui numa tendência natural do ser humano que, como tudo na natureza, quer crescer e se desenvolver. É a Lei de Evolução nos impelindo à expansão de consciência e ao amadurecimento. Poder expressar nossa verdadeira essência resulta em plenitude, alegria e harmonia; e ter consciência desse fato nos impulsiona a conhecer nossas qualidades positivas e negativas para que as utilizemos na determinação de nossas metas evolutivas.
O caminho da aspiração pede nossa persistência e constância para que não nos percamos em auto-ilusões e hesitações infrutíferas. Como ‘a natureza não dá saltos’, todos os graus da escala evolutiva devem ser percorridos com aceitação, discernimento, consciência dos pensamentos e uso correto da palavra.
É imprescindível continuarmos abertos na tentativa de perceber a seriedade dessa aspiração, buscando superar as barreiras que surgem no caminho, sendo esse um dos sinais de que o trabalho de autoformação está produzindo efeito e que a consciência interior está, a cada dia mais, despertando.
Ines S. Mártims – ines.s.martins@terra.com.br
Jornal Zen, edição de Maio de 2009, publicado no site Luz da Consciência
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