por Liliane Bruno
Uma música muito conhecida possui um trecho onde o compositor diz assim: "o tempo passa, e com ele caminhamos todos juntos sem parar..." Não quero discutir aqui a inevitável passagem do tempo. Gostaria de propor uma reflexão sobre quão promissora a passagem do tempo pode ser.
Ainda que muitas pessoas não percebam, o notório envelhecimento mundial pode ser considerado como uma grande conquista da humanidade. Especialistas na área apontam para a possibilidade de que o ser humano venha a alcançar uma longevidade próxima aos 120 anos. Autocuidado, comedimento e assistência adequada à saúde tenderiam a favorecer essa trajetória.
Num âmbito geral, posso afirmar que já estamos convivendo com indivíduos muito longevos e até mesmo centenários, com os quais podemos conversar sobre a vida e seus percalços. Creio que a mera oportunidade dessa troca intergeracional tenderia a contribuir fortemente para que jovens e velhos possam olhar o mundo através de uma perspectiva mais próxima e, conseqüentemente menos conflitante. Não pretendo desconsiderar as dificuldades, supondo que tudo são flores, que todos envelhecem de modo similar, ou que todos possuem uma mesma visão da velhice. Contudo, considero relevante esclarecer que o envelhecimento não se traduz somente em perdas.
Envelhecer sem doenças pode até ser raro, mas viver sem elas também pode ser à medida que compreendemos que doenças são situações que comprometem as condições físicas de pessoas de todas as idades, e não ocorrem apenas na velhice.
O ciclo da vida transcorre silenciosamente, e vivenciar o passar do tempo se assemelha a realizar um investimento bancário: quanto mais investirmos em uma existência significativa, estando abertos a aprender e ensinar, mais valores teremos acumulados e, quando houver a necessidade de "sacar", nossa conta terá um montante considerável a ser retirado.Viver de modo consciente cada fase da vida, sentindo que todos os momentos são parte da estória de estamos a escrever, pode ser um convite para que busquemos investir em nossa prosperidade no tocante ao mundo das coisas materiais e, principalmente no que se refere ao mundo das coisas do espírito.
Para que o processo de envelhecimento seja compreendido e aceito como fato natural e proveitoso, acredito ser desejável que mais e mais pessoas, especialmente aquelas que ainda não chegaram à metade do caminho dos centenários, e que ainda têm pelo menos mais 50 anos pela frente, exercitem resgatar a simplicidade da criança que um dia foram, descomplicando a vida dos adultos que agora são, e ampliando as possibilidades para a velhice que um dia terão. O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos. O tempo passa e, com ele, todos juntos podemos viver uma vida com mais sentido e valor.
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