"Trazer luz à obscuridade, transmutar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta."

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Artigo Jornal O Povo - José Trigueirinho Netto


A saída do labirinto,

Durante eras, os seres humanos, mesmo que não quisessem ou soubessem, caminhavam segundo a lei do carma, pois ela guiava, e ainda guia-rá por uns tempos, a evolução material na Terra. O carma precisava ser cumprido compulsoriamente, porque era a via de evolução do planeta. Perguntas como “Que fiz para merecer tal sorte?”, “Quando isso acabará?” eram constantes. Estava implícita uma idéia de obrigatoriedade e de opressão. Entretanto, algumas não faziam tais perguntas; o carma estava ali e elas sabiamente procuravam equilibrá-lo sem criar empecilhos. Caminham, assim, com rapidez para fora da roda das encarnações.

Na presente época, sobretudo pela adesão a um poder supremo e divino e pela neutralidade diante dos fatos da vida, um número cada vez maior de pessoas encontra forças para lidar com os efeitos de suas ações passadas e tem possibilidades de transcender a lei do carma. Quem expressa naturalmente a energia de amor encara os deveres como tarefas a serem realizadas porque são para o bem.

Faz tudo com simplicidade, sem lamentações, comentários ou raciocínios supérfluos - maneira suave de se distanciar do âmbito da lei do carma. Outra forma de ir além da lei do carma é a oração sincera, a oferta e a abertura a níveis de existência mais elevados, a entrega a metas espirituais. Todavia, é necessário ter claro no que consiste essa oração libertadora.

A oração em que se pede pelo próprio bem ou pelo de outrem transcorre em nível humano e inevitavelmente cria carma, embora às vezes positivo; é a oração desinteressada, feita como pura doação à Fonte de Vida, que move energias supramentais e atrai leis superiores. Diz-se que a maneira mais livre e direta de orar é considerar tudo entregue a Deus. Se essa Consciência Suprema sabe o que faz, se nos conhece melhor que nós mesmos, se com maior perfeição prevê o suprimento das nossas necessidades, que sentido teria pedir-lhe qualquer coisa?

Uma energia divina, que podemos chamar de misericórdia, eleva o ser humano a níveis inacessíveis nos processos normais da lei do carma. Essa poderosa e sábia energia flui na oração desinteressada e propicia cura, harmonia e libertação. Apesar de no decorrer dos tempos forte carga emotiva ter sido acrescentada ao termo misericórdia, quando ele é aplicado em sua acepção mais pura designa essa energia que cura e transforma os níveis materiais, humanos e psicológicos. Pela misericórdia divina, saldos cármicos positivos que permaneciam “em arquivo” podem proporcionar conjunturas mais favoráveis ao desenvolvimento da consciência. Essa misericórdia é a resposta do mundo interior a uma necessidade do homem, da humanidade ou do planeta.

Quando uma pessoa, por exemplo, fez tudo o que estava a seu alcance para avançar no caminho da libertação, mas a limitação dos seus corpos materiais lhe é intransponível, a misericórdia divina lhe é revelada. O maior engano de quem se afasta da Lei é julgar seu erro maior que a misericórdia divina, e assim deixar de dispor-se a recebê-la.

JOSÉ TRIGUEIRINHO NETTO,

escritor e membro fundador do Centro Espiritual Figueira

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